O século 21 exige que adquiramos novas competências e qualificações ao longo da vida. Neste conceito vem trabalhando o Governo do Estado da Bahia: Educar para Transformar, porque a educação continua sendo o melhor caminho para prosperar como indivíduos e na comunidade.
Governador, qual é a visão estratégica do Estado da Bahia diante dos desafios que encontramos no Brasil e nos países da região para alcançar uma educação inovadora e de alto nível que atenda às demandas do século XXI?
A educação, na minha opinião, é o pilar sobre o qual se assenta todo o desenvolvimento de uma sociedade, a começar na educação infantil e prosseguindo na formação profissional dos jovens. Essa premissa, inclusive, foi o ponto de partida para o lançamento do programa Educar para Transformar.
Compreendemos que a educação deve envolver todos os segmentos da sociedade organizada. Tão logo assumi a gestão, lancei o programa Educar para Transformar – Um pacto pela Educação, com a proposta de atrair todos os segmentos da sociedade para melhorar a educação em nosso estado. Convoquei educadores, prefeitos, universidades, movimentos sociais, empresários e, principalmente, as famílias para uma união de esforços em prol da melhoria da qualidade da educação pública no Estado.
Entendo que é fundamental a participação de todos nesse processo, até porque os resultados de um programa institucional na área de educação só são colhidos a longo prazo. Nesse sentido, temos reafirmado o compromisso com a melhoria da qualificação dos profissionais da área de educação, o que temos feito regularmente com incentivos financeiros baseados na realização de cursos e aperfeiçoamento profissional; temos promovido a democratização da gestão escolar, por meio de votação para o cargo de diretor escolar, envolvendo alunos e professores.
Educação não apresenta resultado em curto prazo, mas é preciso construir hoje para que amanhã apareçam indicadores melhores. Também não descuidamos da estrutura física das instalações das escolas. Em todas as viagens de trabalho que faço ao interior, faço questão de visitar os estabelecimentos escolares para conhecer de perto os seus problemas e necessidades. Converso com a comunidade escolar, tanto com professores quanto com alunos, para avaliar o sentimento geral em relação à estrutura escolar daquele município. Temos feito investimentos relevantes nesta área. Nos últimos três anos, somente com construção, ampliação e reformas, investimos mais de R$ 200 milhões. Construímos 74 novas escolas entre 2015 e 2017, além de reformar e ampliar outras 1.175 unidades.
O Programa Educar para Transformar, uma das principais ações do Governo, procura que cada aluno desenvolva seu próprio projeto de vida a partir da educação. Sabemos que a inclusão social é um dos grandes objetivos. Do seu ponto de vista, como a educação pode contribuir para alcançá-lo?
Não há futuro sustentável sem educação, na minha opinião. Daí porque considero tão importante estimular e incentivar a adoção de práticas que mantenham o aluno em sala de aula e lhe dê condições de avançar na busca de melhores oportunidades profissionais no competitivo mercado de trabalho.
Sem educação, isso é quase impossível. Incontestavelmente, a educação transformadora é uma das principais ferramentas para promover a inclusão social do cidadão. E, para isso, é necessário revolucionar a educação por meio de mudanças estruturais, e vejo como fundamental nesse processo não só uma mudança radical na forma de ensinar como o emprego da correta incorporação das novas tecnologias na sala de aula.
Essas ferramentas tecnológicas à disposição da sociedade, hoje, é fundamental para garantir a inserção social do jovem, seja no mercado de trabalho, seja na apropriação das modernas tecnologias ao seu dia-a-dia.
E isso nós estamos realizando, cada vez mais, na rede estadual de ensino. Temos buscado parcerias junto a entidades privadas no sentido de levar modernas tecnologias na aplicação do ensino em sala de aula, conjugadas ao treinamento adequado dos professores na aplicação dessas inovações.
Tudo isso, veja bem, tendo como premissa a necessidade de ampliar as perspectivas de crianças e jovens no meio social, a partir de um novo conceito de educação, cada vez mais presente no dia a dia do cidadão.
Outra importante ação implementada nas escolas de toda a Bahia, que visa promover a integração da escola com a comunidade, é o Projeto Escolas Culturais, O objetivo é aliar a educação com a cultura e incentivar os estudantes no mundo das artes visuais, teatro, dança, música e cinema. Ao todo, 85 municípios receberão o projeto até o final de 2018.
Enfim, há um conjunto de ações que devem permear as políticas públicas educacionais para promover a inclusão social. Desde a gestão democrática e participativa, como a remuneração compatível dos educadores.
O Estado da Bahia está investindo mais na formação de professores?
Esta tem sido uma das nossas prioridades, pois não se concebe educação de qualidade sem investimento nesta categoria profissional, que é a principal responsável pelas mudanças na qualidade do ensino como um todo. Também não poderia ser diferente, haja vista que o foco prioritário da nossa administração é elevar a qualidade do ensino em todos os seus níveis. Como parte do Programa Educar Para Transformar, propus Projeto de Lei que institui o Plano Estadual de Educação, com vinte metas para os próximos dez anos. O Plano foi construído coletivamente com o suporte do Fórum Estadual de Educação e prevê, dentre outras metas, a erradicação do analfabetismo e a universalização do atendimento escolar.
Em 2015, cerca de 25 mil professores e coordenadores pedagógicos fizeram aperfeiçoamento em tecnologias educacionais e da informação. Outros 2 mil concluíram a graduação universitária. Além disso, mais de 11 mil professores realizaram formação na modalidade de educação à distância.
A valorização dos educadores em todos os níveis é uma prioridade da minha gestão. Mais de 23 mil professores e coordenadores pedagógicos da rede estadual, por exemplo, estão sendo beneficiados com o curso on-line “Uso Pedagógico de Tecnologias Educacionais”, promovido em parceria com a Universidade Federal da Bahia (UFBA). Para os concluintes, será ofertado um ganho médio de 14% sobre os salários até maio de 2019, dos quais 6% já foram antecipados. O orçamento aplicado neste benefício é da ordem de R$ 348 milhões.
Também temos valorizado os professores das universidades estaduais. Nesse segmento, 1.249 professores obtiveram avanços em suas carreiras.
Por último, estamos em processo de contratação de 3.760 professores e coordenadores pedagógicos selecionados por meio de concurso público que irão atuar em toda a Bahia.
Quais são os resultados de programas como Mais Futuro, Primeiro Emprego e ou Partiu Estágio? A transformação já começou a ser percebida?
Na minha avaliação, se queremos promover uma mudança de qualidade na educação em todos os seus níveis, temos que propor, também, instrumentos de estímulo aos estudantes, de modo que possam aplicar os conhecimentos em sala de aula na vida profissional.
Com essa concepção, elaboramos três programas voltados para os jovens, de modo a oferecer oportunidades profissionais alinhadas a um ganho financeiro. Nesse sentido, foi criado o Mais Futuro, o Primeiro Emprego e o Partiu Estágio.
O programa Primeiro Emprego é voltado para estudantes e egressos dos cursos técnicos da Educação Profissional. Mais de 4.300 jovens já foram beneficiados com a carteira assinada e estão atuando no serviço público estadual, por meio de um contrato temporário de dois anos. Para o ano de 2018, a expectativa é convocar mais 4.500 estudantes.
O Programa Mais Futuro, é direcionado aos jovens em situação de vulnerabilidade social, que estão nas universidades estaduais da Bahia. O Governo do Estado oferta bolsas de permanência e auxílio para estudantes matriculados. 7.885 estudantes universitários já foram beneficiados.
Com o programa Partiu Estágio, estudantes de universidades públicas e bolsistas em faculdades privadas são direcionados para vagas de estagiários em órgãos públicos estaduais por um período de um ano, sendo acompanhados por uma coordenação que os monitora e faz a orientação.
Ainda é cedo para avaliar os resultados desses programas, mas temos a convicção que a transformação na vida desses jovens já está acontecendo. A experiência profissional, a aplicação dos conhecimentos teóricos na vida prática e a possibilidade de interagir no mercado de trabalho vão possibilitar novas oportunidades e o amadurecimento necessário aos jovens para garantir a sua inclusão social.
Em junho, a Bahia sediará o Encontro Internacional Virtual Educa. Quais são as expectativas e resultados esperados deste evento?
Trata-se de um importante evento em que especialistas das áreas de educação, ciência e tecnologia e autoridades governamentais se reúnem para trocar experiências e apresentar práticas inovadoras que podem ser apropriadas pelos países participantes. Nesse sentido, aguardo com expectativa o evento que trará, sem dúvidas, impactos no desenvolvimento da educação formal em nosso estado.
O intercâmbio de informações e de práticas exitosas aplicadas em outras regiões por si só já vão nos trazer um significativo ganho. Além do mais, podemos afirmar que o governo baiano, por meio da Secretaria Estadual da Educação já está implementando práticas educativas com base no uso de tecnologias modernas que vão promover uma completa revolução na forma de transmitir conhecimento.
Isso vem sendo feito por meio de parcerias envolvendo a iniciativa privada, a exemplo da empresa Google, e do uso de equipamentos de alta tecnologia como ferramenta para absorção do conhecimento.
Assim, o Virtual Educa 2018, que acontece este ano na Bahia, será um marco no desenvolvimento educacional e nas perspectivas de desenvolvimento e inclusão social, ao transferir e trocar conhecimento no âmbito acadêmico, consolidando as mudanças que queremos implementar na educação em todos os níveis.